Elvas constituiu, desde a Idade Média até ao século XVIII, um ponto estratégico da defesa da zona raiana do Alto Alentejo. O perigo espreitava próximo e tinha um nome: Espanha.
Esta cidade alentejana possui um magnífico sistema defensivo, aproveitando as ligeiras elevações que dominam a vasta planície em redor e a proximidade do rio Guadiana. Numa dessas suaves elevações foi erguido o seu castelo medieval.
Anteriormente, no mesmo local, os povos pré-romanos ergueram um castro, aproveitado pelos Romanos e remodelado por Visigodos e Árabes - no tempo destes últimos batizado com o nome de Ielbax.
A fortaleza árabe poderá ter sido conquistada próximo do ano de 1166, pelas tropas comandadas por Geraldo Geraldes, o Sem Pavor. No entanto, a reconquista definitiva para as armas cristãs só ocorreria sessenta anos mais tarde, com D. Sancho II, monarca que procederia a importantes melhoramentos nas muralhas de Elvas, acrescentadas posteriormente por D. Dinis.
As inúteis e desastrosas guerras de D. Fernando I com Castela, na era de Trezentos, levaram o nosso monarca a dotar o castelo de Elvas com uma terceira cortina de muralhas.
Na crise dinástica de 1383-1385, o alcaide de Elvas tomou o partido de D. Beatriz e de Castela. Contudo, a população, enquadrada pelo corajoso Gil Fernandes, atacou a fortaleza e prendeu o seu alcaide. Gil Fernandes declarou fidelidade a Portugal e a D. João I, o que lhe valeu um longo cerco de 25 dias pelas tropas castelhanas. No entanto, a sedição revelou-se inútil e Elvas continuou livre, agora já com Gil Fernandes empossado pelo mestre de Avis como seu novo alcaide.
Em 1580, o País perdeu a sua independência e o governador militar de Elvas a vergonha. Com efeito, a troco de dinheiro, Elvas entregou-se aos espanhóis. Contudo, 60 anos mais tarde voltaria a ser resgatada, não sem que antes se travassem violentos combates ao longo do século XVII. Nessa altura, Elvas foi eleita como centro do governo militar do Alentejo, cuja chefia coube ao general Matias de Albuquerque, militar que procedeu à realização das modernas obras de remodelação do perímetro defensivo desta cidade alentejana.
As melhorias foram assinaláveis, como ficou demonstrado em novembro de 1644. Nessa ocasião, um poderoso exército espanhol de quinze mil homens, comandados pelo marquês de Torrecusa, atacou a guarnição elvense, que contava nas suas fileiras apenas dois mil homens. Apesar da inferioridade numérica, os espanhóis não lograram os seus intentos e voltaram desmoralizados para Badajoz.
Os sucessivos governadores militares da fortaleza não estavam ainda contentes com as fortificações elvenses e procuraram melhorar o seu perímetro defensivo, de modo a torná-lo completamente inexpugnável. Notáveis construções modernas abaluartadas espalharam-se na área da cidade e nos montes circundantes. Assim, pela mão de importantes engenheiros militares dos séculos XVII e XVIII, surgiram uma série de baluartes e meio-baluartes, extensas cortinas e os fortes de S. Francisco, de S. Mamede, de S. Pedro, da Piedade e de Santa Luzia. Na parte interna do burgo implantaram-se quartéis, casamatas, paióis, a grande cisterna e outros depósitos. O polígono militar de Elvas ficaria completo no século XVIII com o formidável e poderoso Forte de N. Sra. da Graça.
Apesar de continuarem ativas até ao presente século, as defesas de Elvas tiveram o seu momento maior em janeiro de 1659, no episódio que ficou conhecido por Batalha das Linhas de Elvas. Este recontro com os espanhóis saldou-se por uma retumbante vitória das armas nacionais, que, deste modo, salvaram a cidade e o País de perderem a sua independência.
O castelo medieval de Elvas era formado por três cortinas defensivas, mantendo duas delas importantes obras do período muçulmano. A primeira linha de defesa foi absorvida pela cidade, subsistindo duas das suas portas: a da Alcáçova e a do Miradeiro. Também destruída em grande parte pela pressão urbana, a linha intermédia era rasgada por quatro portas - respetivamente pela da Ferrada, Porta Nova ou da Encarnação, de Santiago e do Bispo. A muralha fernandina foi dotada de 22 torreões defensivos, 11 portas - modificadas e reduzidas a três pelas obras do século XVII (respetivamente de Évora, Olivença e S. Vicente) - e barbacã de apoio.
No ponto mais elevado da colina do nordeste, denominada Costa da Vila Fria, ergue-se o castelo medieval do tempo de D. Sancho II, remodelado por D. Dinis e fortalecido por D. João II e D. Manuel I.
Ladeado por duas torres quadrangulares, a mais alta correspondendo à menagem, rasga-se o portal da entrada, que é protegido por balcão sustentado por mísulas, podendo ver-se aqui o brasão de armas de D. João II.
Após um trecho de muralhas ameadas surge uma invulgar e interessante torre hexagonal irregular, rasgada por aberturas de troneiras, coberta por cúpula semiesférica e envolta por adarve protegido por parapeito com largos merlões. No centro da praça de armas são ainda visíveis alguns fragmentos arquitetónicos, denunciando diferentes épocas construtivas e estilísticas.