quinta-feira, 30 de maio de 2013

PAÇOS DO CONCELHO - SILVES

O romantismo trouxe consigo um gosto pelo requinte oriental que em Silves se reflecte particularmente no edifício dos Paços do Concelho, construção iniciada no final do século XIX.No átrio de entrada, quando se inicia a subida da escadaria de acesso, se olharmos para cima, seremos surpreendidos por este claustro de gosto revivalista de inspiração andalusina, evocando a herança islâmica, e que termina numa clarabóia...
É, na minha modesta opinião, um dos mais belos exemplares do património silvense...





IBN MARWAN - BADAJOZ



Abd al-Rahman ibn Muhammad Ibn Marwan ibn Yunus, conhecido como Ibn Marwan al-Yil'liqui ("o filho do galego" ou "o galego") ou simplesmente Ibn Marwan, Ibn Maruan ou ainda Bem Marvão1 ou al Maridi por ser originário de Mérida2 (m. 890?) foi um líder militar e religioso sufista do al-Andalus que, rebelando-se contra o emir omíada de Córdova Muhammad I, criou uma espécie de reino independente sediado em Badajoz, cidade da qual é considerado fundador, que ocupava o Médio e Baixo Guadiana e o sul do que é hojePortugal.
O reino duraria até à fundação do Califado de Córdova em 928. Ibn Maruán deu nome à vila de Marvão, cujo castelo contruiu entre 876 e 877, que no século X já era conhecida como Ammaia de Ibn Maruan ou fortaleza da Ammaia.
Ibn Maruan pertencia a uma família de muladis (muçulmanos nativos da península Ibérica ou de ascendência romana ou visigótica) originária do que é hoje o norte de Portugal que se instalou em Mérida. Era filho de Yunus el Yilliqi. O seu pai, Marwan ben Yunus ou Marwan al-Yilliqi, foi nomeado uáli (governador) daquela cidade pelo emir omíada Muhammad I.
É descrito como tendo sido conhecido na juventude pela inteligência, astúcia, sentido político e carisma como líder, apesar do seu caráter inconstante. Na sua trajetória pessoal e política teve mudanças de atitude constantes, tanto no plano político como no plano religioso, pois ora se apresenta como cristão ora como muçulmano, ora aliando-se aos cristãos contra os seus compatriotas muçulmanos, ora fazendo o contrário. No entanto, no fundo a sua posição pessoal dominante foi a de preferir considerar-se cristão a muçulmano. Isso facilitava-lhe o apoio dos mudéjares, que na prática eram renegados como ele. Ibn Maruã era especialista em aproveitar as circunstâncias em benefício próprio conforme as suas conveniências.3
As referências dos cronistas árabes acerca de ibn Marwan são bastante ilustrativas. De ibn Hayyan conhece-se a seguinte referência: «Afastou-se da fileiras muçulmanas para entrar nas dos cristãos, cuja amizade preferiu à dos que dirigem a sua oração em direção à qibla». No aspeto militar, o mesmo cronista relata que «tinha fama de caudilho temível. As suas vitorias eram muito celebradas; os seus atos cruéis valeram-lhe grande reputação e respeito entre os emires rivais, que acabaram por colocá-lo acima deles». Outro cronista, ibn Adari, assinala que «se separou da comunidade dos crentes e protegeu e frequentou a dos cristãos com preferência aos muçulmanos». Ibn al-Qutiyyacomenta, em jeito de insistência sobre o escrito anterior, que «chegou a ser chefe dos renegados no ocidente». Este último cronista descreve-o como «agudo, manhoso e astuto na guerra a ponto de não haver quem o superasse».4 5 6 7
Actividade antes de se estabelecer em Badajoz [editar]

Castelo de Alange

O jovem ibn Marwan aparece no ano de 852 preso em Córdova, onde deu provas das suas habilidades manipuladoras e facilidade de sedução, pois quando ainda era cativo quando se valeu dos seus modos simpáticos e abertos para ganhar a confiança de Muhamad, conseguindo alcançar o posto de capitão das guardas reais devido ao seu valor e inteligência.8
No entanto, as suas relações com Hassin, o hájibe (primeiro-ministro) do emir não eram muito boas, pois este desconfiava do jovem, considerando-o um arrivista, o que provocava uma forte tensão entre ambos. Um episódio marcará para sempre o destino de ibn Marwan: quando os dois estavam numa reunião dos vizires, Hassin, usando a sua autoridade superior, injuriou ibn Marwan diante de todos dizendo-lhe «vales menos que um cão» e seguidamente esbofeteou-o.2 Esta afronta levou ibn Marwan a fugir de Córdova com um grupo dos seus seguidores que tinha conseguido reunir e dirigiu-se para Mérida para incitar a revolta contra os Árabes como vingança do vexame a que tinha sido sujeito.
Muhammad enviou um contingente militar que obrigou Mérida a render-se e Abd al-Rahman ibn Marwan teve que ir novamente residir para Córdova. Permaneceu na capital do emirado até ao ano 875, quando voltou a Mérida, onde novamente se sublevou e rechaçou a autoridade do emir, com o apoio da família e dos que lhe estavam próximos. Fortificou-se no castelo de Alange, para onde Muhammad enviou tropas que o obrigaram a render-se após três meses de cerco.1 Foi-lhe então fixada residência em Batalyaws (Badajoz) após prometer não voltar a levantar-se contra o emir, seu antigo amigo.
Derrota e estabelecimento em Badajoz [editar]



A alcáçova de Badajoz, no cerro da Muela, originalmente construída por ibn Marwan em 875. No centro encontra-se uma estátua de ibn Marwan.
O facto de ter escolhido Badajoz pode dizer-se que foi um acordo, pois o próprio ibn Marwan queria ir para essa zona por duas razões: em primeiro lugar pelas condições defensivas favoráveis locais e em segundo pela fertilidade das várzeas baixas do Guadiana. O cronista árabe al-Razi descreve a cidade como detentora de muitos terrenos, com as melhores terras de lavoura e pecuária do al Andalus, numerosos vinhedos e abundância de caça e pesca nos seus montes e no rio Guadiana.9
Os cronistas árabes referem o episódio da seguinte forma: ibn Adari relata que «e o emir permitiu-lhe que fosse para Batalyos, que então era uma aldeia, e ali se estabelecesse»; ibn Hayyan escreve «que baixasse a Batalyos que então estava desabitada e a construísse para ele e para a sua gente»; al-Razi narra «que saia de Alange com a sua gente e vá para o castelo de Batalyos que nesses dias estava abandonado».8 10 11
Fundação de Badajoz e Marvão [editar]
Há alguma confusão ou contradição nas diversas fontes sobre o estabelecimento de ibn Marwan em Batalyos,[a] então uma aldeia sem importância, e a fundação da cidade que conhecemos como Badajoz. A fundação da cidade ocorreu oficialmente em 875, na sequência da batalha da Serra de Monsalud, mas quando esta ocorreu já ibn Marwan se teria estabelecido em Batalyos, após ter sido derrotado em Alange. Após esta derrota, ibn Marwan foi autorizado a instalar-se no cerro da Muela, nas margens do Guadiana.
Posteriormente, em 875, após ter vencido na Serra de Monsalud o exército enviado contra ele pelo emir de Córdova, antevendo a impossibilidade de dominar o rebelde, o emir ofereceu um armistício para pôr um fim definitivo às suas contínuas batalhas. Segundo cronista ibn al-Qutiyya, ibn Marwan respondeu ao emissário que o emir lhe enviou que o meu desejo é que me seja concedido el Baxarnal para ali construir, fundar uma cidade e povoá-la e estabelecer nela o culto, sem que me imponham tributos, nem ordens, nem limitações, ficando o rio entre ambos».12



Castelo de Marvão, originalmente construído entre 876 e 877 por ibn Marwan

O lugar pedido por ibn Marwan era o cerro de San Cristóbal, situado em frente da povoação de Batalyos, onde se tinha estabelecido anteriormente. A razão para escolher esse monte em vez do cerro da Muela era que ali tinha o rio Guadiana como excelente defesa natural contra possíveis invasões futuras, especialmente devido à grande largura do rio nessa zona. O emir sabia disso e por isso tinha autorizado a instalar-se na margem esquerda, onde se erguia a aldeia de Batalyos.13 Para a construção e ampliação da nova cidade, bem como da consolidação das fortificações, ibn Marwan não só teve a autorização do emir como este lhe deu parte do dinheiro e dos pedreiros necessários para realizar as obras.14
Ibn Adari relata que «ibn Marwan tinha edificado uma fortaleza em Batalyos, onde tinha fixado residência, atraindo gentes de Mérida e outras metediças de mau viver [repugnantes]».15 Ibn Hayyan confirma a consolidação e a sua data exata: «Abderramão [Abd al-Rahman], filho de Marwan, conhecido como o Galego, foi quem fez nascer esta cidade, e foi o primeiro que construiu nela na Hégira261, herdando-a o sue filho ibn Zaid».16 O ano 261 da Hégira corresponde ao ano 874 do calendário gregoriano cristão.
Apesar de oficialmente ser considerado o fundador da cidade, foram encontrados bastantes restos arqueológicos anteriores à ocupação muçulmana, nomeadamente no subsolo da catedral, que fazem suspeitar que no cerro da Muela teria existido um importante assentamento visigótico.

Marvão, a vila norte-alentejana portuguesa que tomou o seu nome também foi fundada por ibn Marwan entre 876 e 877. É provável que ibn Marwan tenha residido durante algum tempo no que atualmente se designa castelo de Marvão, uma fortaleza no cimo duma alta escarpa, praticamente inexpugnável, situado no norte dos seus territórios.

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OBSERVANDO A PAISAGEM


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MARVÃO


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