Dedico estes comentários de hoje, a todos quantos me têm apoiado, – e são bastantes – sobre o que se passou com a quinta do Bispo em Elvas, propriedade de António Sardinha!
Dedico também a quem comprou a Quinta empenhando a sua palavra na afirmação de que a habitaria e nunca a destruiria... ( e foi vendida para se fazer um único prédio, ficando a quinta toda destruida)
Dedico ainda ao actual senhor Presidente da Câmara, pela evidência de como, usa os quase setenta por cento de votos que tão generosamente lhe foram confiados, confundindo serviço, com mando....
Faço-o sem rancor, sem arrogância, – faço-o com a humildade de quem com a idade aprendeu, que é sempre tempo de repensarmos as nossas próprias acções e, as nossas próprias palavras.
Pertenço a uma geração em que palavra, honra, dever, dignidade, eram valores pelos quais se vivia e lutava.
Pertenço a uma geração em que não era preciso ser ilustre para perseguir tais ideais – bastava para tal, a consciência de ser gente, para se e pugnar para ser pessoa de bem. Gente credível, gente de compromisso.
Quando alguém pronunciava essas tais palavras, todos sabíamos que elas significavam sentimentos, compromissos, que representavam esses valores.
Hoje, estão esvaziadas de sentido.
Perseguem-se ideais diferentes. Tomam-se por ideais valores materiais e com eles se pretendem substituir os valores morais. As pessoas são as mesmas. Têm as mesmas capacidades, as mesmas potencialidades. Apenas põem a tónica no imediatismo, na pressa desenfreada, na ilusão de que todos podem colher tudo ainda que o não tenham semeado, ou que nada semeiem.
Substituiu-se a decisão moral pela decisão política, que devendo continuar a ser ainda e principalmente decisão moral, se despe desse atributo para passar a ser apenas decisão de oportunidade ou, pior ainda, apenas de oportunismo. O brilho muitas vezes cega. Ofusca até a qualidade do material que brilha, mas seduz, embora também iluda.
(António Maria de Sousa Sardinha) (Monforte, 9 de Setembro de 1887) — (Elvas, 10 de Janeiro de 1925) foi um político, historiador e poeta português. Destacou-se como ensaísta, polemista e doutrinador, produzindo uma obra que se afirmou como a principal referência doutrinária do Integralismo Lusitano. A sua defesa de uma monarquia tradicional, orgânica, anti-parlamentar serviu de inspiração a uma influente corrente do pensamento político português da primeira metade do século XX. Apesar de ter falecido prematuramente, conseguiu afirmar-se como referência incontornável para os monárquicos que recusaram condescender com o salazarismo.António Sardinha foi um adversário da Monarquia da Carta (1834-1910) chegando, no tempo de estudante na Universidade de Coimbra, a defender a implantação de uma república em Portugal. Depois de 5 de Outubro de 1910, durante a Primeira República ficou profundamente desiludido com ela e acabou por se converter ao ideário realista da monarquia orgânica, tradicionalista, anti-parlamentar do "Integralismo Lusitano", de que foi um dos mais destacados defensores.Em 1911 já estava formado em Direito pela respectiva universidade e no final do ano de 1912, escrevia a comunicar a sua «conversão à Monarquia e ao Catolicismo — "as únicas limitações que o homem, sem perda de dignidade e orgulho, pode ainda aceitar". E abençoava "esta República trágico-cómica que (o vacinara) a tempo pela lição da experiência...".Imediatamente juntou-se a Hipólito Raposo, Alberto de Monsaraz, Luís de Almeida Braga e Pequito Rebelo, para fundar a revista Nação Portuguesa, publicação de filosofia política, a partir da qual foi lançado o referido movimento monárquico do Integralismo Lusitano.A lusitana antiga liberdade do verso de Luís de Camões era uma referência dos integralistas, tendo no municipalismo e no sindicalismo duas palavras-chave de um ideário político que não dispensava o Rei, entendido como o Procurador do Povo e o melhor garante e defensor das liberdades republicanas.
António Sardinha era anti-maçónico e na sua sequência anti-iberista, em 1915, tendo prenunciar-se na Liga Naval de Lisboa uma conferência onde alertava para o perigo de uma absorção de Portugal por Espanha. Em vez da fusão dos estados desses dois países, propunha uma forte liga entre todos os povos hispânicos, a lançar por intermédio de uma aliança entre os dois, ambos reconduzidos à monarquia. A Aliança Peninsular entre as duas e seus reinos seria, na sua perspectiva, o ponto de partida para a constituição de uma ampla Comunidade Hispânica (dos povos de língua portuguesa e espanhola), a base mais firme onde assentaria a sobrevivência da civilização ocidental.Durante o breve consulado de Sidónio Pais, foi eleito deputado na lista da minoria monárquica.Após o assassinato desse presidente da República, em 1919, exilou-se em Espanha após a sua participação na fracassada da tentativa restauracionista de Monsanto e da "Monarquia do Norte".Ao regressar a Portugal, 27 meses depois, tornou-se director do diário A Monarquia.António Sardinha morreu jovem, com apenas 37 anos.
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